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Jungkook tinha o mundo aos seus pés. CEO de uma empresa de tecnologia bilionária, era conhecido tanto por sua mente estratégica quanto por sua frieza cirúrgica nos negócios. Aos trinta e dois anos, tinha tudo o que poderia desejar: poder, influência, luxo, liberdade. Mas não tinha ele.

O submisso ideal.

Durante anos, Jungkook cultivou discretamente sua vida paralela como Dominador. Participava de clubes privados, eventos exclusivos, sessões supervisionadas com outros dominadores experientes. Havia testado os limites de submissos que juravam entregar tudo — mas nenhum jamais conseguiu realmente tocá-lo. Nenhum soube provocar sua autoridade. Nenhum soube se curvar do jeito certo. E o mais frustrante: nenhum soube cativar sua mente, a parte mais sensível e exigente dele.

Ele não tinha tempo — nem paciência — para moldar alguém do zero. Já havia tentado ensinar e sempre acabava perdendo o interesse. Um Dominador como ele precisava de alguém instintivo, que o instigasse. Alguém cuja entrega não viesse de um manual, mas de dentro.

Naquela tarde nublada, o Porsche preto estacionou discretamente em uma das ruas arborizadas de Seul. Jungkook precisava respirar, esvaziar a cabeça. Não estava no clima para sua cobertura silenciosa ou as quatro telas do escritório. Escolheu uma cafeteria afastada, conhecida pelo ambiente tranquilo.

Assim que entrou, foi recebido com uma reverência automática da garçonete. Seu olhar firme e terno ao mesmo tempo, seu terno de alfaiataria impecável e o perfume amadeirado que exalava — tudo nele exalava poder.

— Café preto, por favor. — disse ele, sem tirar os olhos do ambiente.

A garçonete assentiu e sumiu. Jungkook soltou um leve suspiro, afundando no assento acolchoado. O café estava praticamente vazio, apenas alguns clientes dispersos…

Foi quando o viu.

Sentado a poucas mesas à frente, à esquerda, estava ele.

Cabelos escuros suaves caíam em ondas naturais, um fone de ouvido simples escondia parte das orelhas pequenas. Algumas pintas espalhadas pelo rosto o faziam parecer quase etéreo sob a luz suave do entardecer que filtrava pela janela. Ele estava absorto — em um livro. Os dedos finos seguravam as páginas com delicadeza. Os olhos azuis, escondidos sob cílios longos, se moviam lentamente linha por linha.

Inocente.

Foi a primeira palavra que cruzou a mente de Jungkook, como um sopro.

Mas… havia algo errado com essa percepção.

O garoto — não tão novo assim, talvez em seus vinte e poucos anos — tinha uma postura relaxada, mas não desleixada. Seus ombros eram bem alinhados, e seus pés, cruzados de forma meticulosamente natural. Não era alguém totalmente inocente… era alguém que escondia.

O interesse de Jungkook foi imediato. Mas não apenas por sua beleza. Ele viu algo mais. Algo que nem todos notariam.

Controle inconsciente. Submissão não verbalizada.

— Aqui está seu café, senhor.

Jungkook sequer desviou o olhar quando a garçonete voltou. Pegou a xícara com um aceno educado, os olhos ainda presos no garoto à frente. Observou-o virar a página, morder o lábio inferior levemente.

Será que ele sabe?

A curiosidade começou a se infiltrar como um veneno doce.

Jungkook, pela primeira vez em muito tempo, sentiu algo dentro de si se agitar.

Não desejo. Não ainda.

Instinto.

E o instinto dele nunca errava.